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Harold Shipman, o "Doutor Morte"


Nascido como filho do meio de uma família de classe operária na Inglaterra, Harold sempre foi o filho preferido da sua mãe, que era extremamente autoritária. O autoritarismo fez com que Harold ficasse incapaz de estabelecer relações no futuro, acabando por ter uma adolescência solitária e isolada dos outros colegas.

Harold, aos 17 anos, teve que cuidar de sua mãe que estava com câncer de pulmão em fase terminal. Foi nesta altura que a medicina despertou o interesse do jovem. Ele ficou fascinado com efeito positivo que a morfina tinha no alívio do sofrimento da sua mãe. Quando a sua mãe morre, Harold fica extremamente arrasado e decide após isso tirar um curso de medicina na Faculdade de Medicina de Leeds. Harold torna-se clínico-geral após terminar o seu curso.

Porém, por trás dos óculos e dos pequenos olhos cinzentos impenetráveis que lhe davam um aspecto austero e respeitável: Harold Shipman tinha uma personalidade sombria. Ele é considerado um dos maiores assassinos em série da história.

Shipman matou pela primeira vez em 1975, apenas um ano depois de ter começado a exercer a profissão, e continuou cometendo crimes até sua prisão, em 7 de setembro de 1998.Harold utilizava o estatuto de médico de família respeitável para cometer os seus crimes sem suspeitas.

Em 1976, Shipman foi condenado a pagar uma multa por ter adquirido, de maneira irregular, drogas para seu próprio consumo. "Estava deprimido", declarou na ocasião. Depois do incidente o médico nunca mais teve problemas com a Justiça. Pelo menos não até o dia de seu julgamento definitivo.

Por conta disso, seus pacientes o chamavam carinhosamente de "Fred" (seu nome completo é Harold Frederick Shipman), comparecendo fielmente a seu consultório. Ele se aproveitava da posição que tinha e assassinava os seus

pacientes quando eles se encontravam na fase terminal da sua vida ou quando estes lhe pareciam inoportunos. Estes terríveis atos valeram-lhe, após a sua detenção, o apelido de Doutor Morte.

Com o passar do tempo também uma das médicas do hospital pareceu se aperceber desta situação e relatou o caso à polícia local. No entanto a investigação feita em segredo pela polícia acabou por levar a provas inconclusivas.

Na verdade, o seu ciclo de mortes só chegou ao fim graças à determinação de Angela Woodruff, a filha de uma das suas vítimas, que se recusou a aceitar as explicações dadas sobre a morte da sua mãe. Após uma longa investigação, a polícia conseguiu levar Harold a tribunal para ser julgado pelo assassínio de pelo menos 15 pessoas.

No início da investigação, Shipman teria confessado o "desejo de controlar a vida e a morte". Os especialistas acreditam que ele talvez tenha ficado "cego" ao sentir que possuía o poder de controlar a vida. "Sou um ser superior", teria declarado a um policial, antes de iniciar o silêncio que manteve desde então.

Segundo a polícia, a maioria das vítimas de Shipman eram mulheres, todas de idade mais ou menos avançada. As autópsias revelaram que elas receberam grandes doses de diamorfina, droga que o médico possuía em excesso, segundo a polícia.

O clínico-geral foi condenado à prisão perpétua em janeiro de 2000 pelo assassinato de 15 de seus pacientes, matou na realidade pelo menos 215, e talvez até 260, entre 1975 e 1998. Das vítimas, 171 eram mulheres e 44 homens.

A mais jovem era um homem de 41 anos, e a mais velha, uma senhora de 93. Na cidade de Hyde, onde se instalou em 1977, Shipman matou 214 de suas 215 vítimas confirmadas. Além disso, sua rotina homicida se acelerou em 1992, quando resolveu clinicar sozinho após brigar com os colegas com quem dividia consultório.

Durante os quatro meses de duração de seu julgamento, não foi possível estabelecer um motivo claro Ele se manteve imperturbável durante praticamente todo o processo, fraquejando apenas uma ou duas vezes diante da apresentação de provas irrefutáveis de que havia injetado doses fatais de drogas em seus pacientes. O advogado de defesa alegou o cansaço de seu cliente para justificar sua calma. O acusado negou todas as acusações e em nenhum momento manifestou pesar pelo horror dos crimes.

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